O ex-governador de Mato Grosso do Sul
André Puccinelli (MDB), o filho dele, o advogado André Puccinelli Júnior, e o
também advogado João Paulo Calves voltaram a ser presos pela Polícia Federal
(PF) na manhã desta sexta-feira (20), em Campo Grande.
Os três são réus por lavagem e desvio
de dinheiro e já tinham sido presos pela PF em 2017 na Operação Lama Asfáltica.
Eles conseguiram a liberação no dia seguinte. As prisões desta sexta foram
determinadas, conforme a polícia, por conta de novas provas envolvendo a Ícone,
empresa de cursos jurídicos de Puccinelli Júnior.
O advogado de André Puccinelli, René
Siufi, considera a prisão "estranha" porque foi feita às
"vésperas da convenção do MDB", e na opinião dele, não há nada de
novo na investigação que justifique as prisões.
Siufi disse ainda que analisa a
documentação sobre a prisão, que segundo ele, são 132 laudas. Ele estuda quais
medidas a defesa irá adotar.
Os mandados foram deferidos pela 3ª
Vara da Justiça Federal de Campo Grande a pedido do Ministério Público Federal,
com base em uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em maio de 2018, que
determinou a prisão de outros oito réus do mesmo caso.
De acordo com a PF, entre as novas
provas contra os réus estão repasses da JBS à Ícone. Segundo delator, a JBS
pagou R$ 1,2 milhão à empresa de Puccinelli Júnior. A polícia também juntou ao
processo análises de materiais apreendidos no Instituto Ícone.
Segundo informações do presidente da
Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul (OAB-MS),
Mansour Karmouche, a Ordem acompanha as prisões dos advogados e Puccinelli
Júnior abriu mão das prerrogativas da profissão dele para ficar junto ao pai.
Ainda conforme Mansour Karmouche, a
OAB/MS acompanha a situação. "É lamentável, mas a gente não pode intervir
nas negociações", diz.
Investigações
Os três presos e mais outras pessoas
são investigadas pela PF por suposta relação com esquema de corrupção e lavagem
de dinheiro.
Em abril, o juiz Marcel Henry Batista
de Arruda, da 1ª Vara de Direitos Difusos Coletivos e Individuais Homogêneos de
Campo Grande, aceitou a denúncia de improbidade administrativa contra o
ex-governador e outros quatro, todos investigados na Operação Lama Asfáltica.
Em janeiro deste ano, a 3ª Vara da
Justiça Federal de Campo Grande aceitou denúncia contra o ex-governador e
outros 12 acusados de cometerem crimes de estelionato e contra o patrimônio
público. Os mesmos citados já tinham sido denunciados pela acusação de recursos
públicos e lavagem de dinheiro.
André Puccinelli e o filho tinham
sido presos poucos meses antes da denúncia, em novembro de 2017, durante a 5ª
fase da operação Lama Asfáltica, chamada de Papiros de Lama, que apura
corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a empresa de cursos jurídicos do
advogado Puccinelli Júnior. Eles foram soltos por determinação judicial.
Em janeiro de 2018, a PF indiciou 25
pessoas por lavagem de dinheiro, entre as quais o ex-governador André
Puccinelli, o filho dele e a ex-secretária de Educação, Maria Nilene Badeca da
Costa. O indiciamento foi relacionado às investigações da Papiros de Lama.
Na época que a Papiros de Lama foi
desencadeada, o ex-governador foi apontado como chefe de um esquema de propina
existente há mais de 10 anos em Mato Grosso do Sul. O montante de desvio
comprovado, até aquele momento pelas investigações era de R$ 235 milhões,
conforme divulgou na época o delegado da Polícia Federal, Cléo Mazzotti.
(G1)
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