Milhões de reais investidos - R$ 14.450.000 - e nenhum retorno à saúde da população.
São essas as cifras que representam o total gasto com a construção de nove Unidades
de Pronto Atendimento (UPAs) no Ceará, nos municípios de Acaraú, Barbalha, Boa
Viagem, Cascavel, Jaguaribe, Juazeiro do Norte, Morada Nova, Quixeramobim e Tianguá -
que estão finalizadas,
algumas desde 2013, mas continuam fechadas, segundo
informações do Ministério da Saúde confirmadas
pelos municípios.
De acordo com a Pasta federal, além das nove no Interior do Ceará, uma décima UPA
estaria pronta e sem funcionar em Fortaleza. O prefeito Roberto Cláudio negou. "A gente
termina a obra, equipa e inaugura. A única UPA que estava por finalizar
era a do Dendê,
que já abriu há mais de dois meses, e estamos bancando com 100% de recurso próprio.
Demora até um ano para o Ministério da Saúde colocar dinheiro, mas nem esperamos",
informa o gestor, explicando que a unidade "ainda não foi credenciada pelo Ministério" e, por isso, deve constar como fechada.
Os municípios do Interior, porém, não possuem a mesma condição financeira
que a Capital. Segundo afirma,
categórico, o diretor de
Relações Institucionais da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Expedito José do Nascimento, "colocar as UPAs em
funcionamento fora da Capital é impossível se Estado e União não enviarem recursos".
De acordo com o gestor, os municípios têm conhecimento sobre os prédios inativos, e a discussão sobre o que fazer com eles já se estende
por quase dois anos junto à Confederação Nacional de Municípios (CNM), ao Estado e à União. "Esse diálogo é para que as estruturas não se
tornem elefantes brancos, em que foram gastos milhões de reais sem retorno algum".
Em maio deste ano, o Governo Federal publicou uma portaria para a readequação da rede física do Sistema Único de Saúde (SUS),
autorizando estados e municípios a utilizarem a estrutura das UPAs inativas para outra finalidade
na área da saúde. "A medida atende a uma
demanda das prefeituras para não perder a estrutura. Existem 955 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 145 UPAs 24h no País já concluídas e
sem funcionamento", contabiliza o Ministério, em nota. Com o decreto, "será possível utilizar os prédios como Unidades Básicas de Saúde
(UBS), Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Centro Especializado em Reabilitação (CER), Academias da Saúde, entre outros".
Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) explica que "quem tem total gerência sobre a construção e inauguração de uma UPA é o
município", que recebe os recursos do Ministério da Saúde em três parcelas. Já o custeio mensal das unidades "é tripartite - União, Estado e
Município -", e inicia após a inauguração do equipamento.
Conforme a Sesa, "o Governo repassa R$ 250 mil mensais para a manutenção dos serviços, o equivalente a 25% do valor" necessário para
manter uma UPA. A Pasta garantiu ainda que "acompanha e tem o conhecimento de todas as obras em andamento, mesmo sendo sob
gestão municipal" e que, uma vez "em pleno funcionamento", as UPAs já começam a receber os recursos estaduais "para manutenção dos
serviços".
FONTE DIÁRIO DO NORDESTE
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