De Londrina, no Paraná, Antônio Rodrigues ligou
para o Fórum de Justiça de Santana do Cariri na
esperança de encontrar rastros públicos da vida
do pai que não via há mais de 30 anos. Quem
atendeu o telefone foi Filipe Gonçalves,
supervisor no equipamento. Este foi o primeiro
passo de uma história de solidariedade que
colocou a voz do pai e do lho
pela primeira vez.
À Filipe, Antônio contou sua história: nasceu no
Ceará, em Assaré, lho
de uma união violenta, que rendeu a fuga da mãe e dois
irmãos para a Bahia, quando ele ainda tinha 1 ou 2 anos de idade. Lá, cresceu
sob a violência do padastro, que frequentemente se sentia no direito de
ameça-lo e espanca-lo. Aos 13 anos, o garoto fugiu de casa.
Amadureceu precocemente. Começou a trabalhar. Foi explorado. Sentiu
saudade da mãe e raiva do pai por boa parte da vida. Aos 21, voltou ao
aconchego da mãe, dessa vez no Paraná e lá formou uma nova família, com três
lhos
e sua esposa. Trabalha de domingo a domingo como pedreiro, mora de
aluguel e faz bicos para completar a renda.
A vida continuou, mas o tormento da violência o perseguiu. "Meu coração é
gelado, é de pedra. Minha vida foi difícil e por isso me tornei um cara duro", ele
se abre, deixando claro que não costuma falar de si mesmo.
Sentiu a falta do pai, da paternidade. Sem essa gura
ou qualquer bom exemplo
masculino, Antônio não aprendeu a amar como se deve. Por só conhecer a
violência, o sorriso lhe custa caro. "Tento dar amor e carinho para meus lhos,
mas não sou tão bom nisso, porque nunca tive esse sentimento", revela.
Aos 33 anos, encarando a si mesmo, ele decidiu que só tinha um jeito de livrar
do peso no coração: encontrar o pai.
Foi quando telefonou para Santana do Cariri e Filipe atendeu. Durante dois
meses o supervisor do Fórum procurou por vestígios de Mauro José, o pai.
Vasculhou documentos, perguntou nas bodegas, organizou uma rede de
solidariedade. Com ajuda de um primo, Odair Lima, encontrou Mauro, em seus
80 e tantos anos, no distrito de Aratama, em Assaré.
Na última segunda-feira, 22, Antônio e Mauro, lho
e pai, se falaram pela
primeira vez. A única pergunta foi: por que a mãe precisou fugir? Mauro
revelou, sem demonstrar culpa, sua série de traições, lhos
bastardos,
bebedeira e violência.
"A minha vida inteira, eu nunca soube o que imaginar dele. Não tenho nenhuma
imagem do meu pai na mente", Antônio lamenta.
O pai convidou o lho
para visitá-lo em Aratama, onde seus 28 netos
organizaram uma recepção. Mas, sem dinheiro para a passagem de Londrina
(Paraná) a Assaré (Ceará), Antonio se vê frustrado mais uma vez.
Diante dessa história, o Site Miséria convida você a participar da campanha de
arrecadação voluntária para Antônio conhecer o pai. Doe a quantia que puder e
mande uma mensagem para que Antônio e a equipe do Miséria saiba que você
ajudou.
CAMPANHA SOLIDÁRIA - ENCONTRO DE PAI E FILHO
Antônio Rodrigues (43 9 8488-6365)
Site Miséria (direcao@sitemiseria.com.br)
DADOS BANCÁRIOS PARA DOAÇÃO
Banco Bradesco
Agência: 0950
Conta Corrente: 34 607 - 1
Vatuzi Jatui Santos Jesus (esposa de Antônio)
Doe a quantia que puder!
Fonte Miséria
2 Comentários
Adoro está rádio pois vali apena ouvir uma Boa radio nota 1.000
ResponderExcluirBia apudi
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