Nesta época do ano, com o tempo cada vez mais
quente e seco, o rebanho bovino sofre com a
falta de pastagem nativa e de água no sertão. Os
criadores enfrentam desde 2012 dificuldades
para
manter os animais. O gado está magro. Quem
buscou alternativas como formação de silos para
segurança alimentar e reduziu o número de
animais ainda se mantém na atividade, mas o
quadro é de dificuldades.
A partir de junho, no sertão do Ceará, as chuvas ficam
escassas até a chegada
da pré-estação (dezembro e janeiro) que pode favorecer a formação da
pastagem nativa (capim) para alimentar o rebanho. Até lá, é preciso, entretanto,
fazer a travessia. Quem percorre rodovias no sertão cearense observa os
animais nas roças secas, quase sem mato, lambendo terra e pedras à procura de
gramíneas.
Nos Inhamuns, em Tauá e Arneiroz, por exemplo, o rebanho sofre com a falta de
alimentação. "A situação da pecuária é grave aqui na região", disse o criador
Francisco Lima, que mantém uma criação de 20 bichos nas proximidades de
Cachoeira de Fora. "Na roça, o gado tenta comer o resto de pasto, mas a terra
está seca, sem nada".
Os criadores alegam falta de condições financeiras
para comprar ração e capim
para alimentar o rebanho. "O gado é criado solto e sofre nesta época do ano",
observa o técnico agrícola Marcos Pereira. "Entre Inhamuns e Catarina, as
chuvas foram poucas neste ano, e as dificuldades
já vêm desde 2012".
Alguns produtores levam os animais para pastar nas margens da rodovia. "É o
jeito usar esse capim para não deixar os bichos morrerem de fome", justificou
o
agricultor Raimundo Rodrigues. O criador colocou duas pessoas, sinalizando os
motoristas com anelas
para evitar acidentes.
De acordo com relato dos vaqueiros e dos próprios criadores, nos últimos sete
anos houve morte e venda de animais mediante as dificuldades
para alimentar
o rebanho. "Muitos venderam a maior parte do gado porque não tinham como
sustentar", disse o agricultor Sebastião Alves.
Os produtores rurais mostram-se preocupados com os anúncios de que 2019
será mais um ano com chuvas abaixo da média histórica, de fevereiro a maio. "A
gente fica
temeroso, mas não perde a esperança", conta o agricultor, Francisco
Lavor, da região de Alencar, zona rural de Iguatu.
Tecnologias
Somente uma parte dos criadores investe em tecnologias alternativas de alimentação do rebanho, priorizando a formação de silos (armazenamento de capim ou de sorgo forrageiro) para ser usado no período de escassez. ´Já houve
avanços e até os anos de seca serviram de ensinamento", observou o gerente
da Ematerce em Iguatu, Joaquim Virgolino.
Fonte: Diário do Nordeste
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