Em relatório conclusivo apresentado nesta terça feira
ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia
Federal indiciou o presidente Michel Temer e
outras dez pessoas pelos crimes de corrupção
passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e
organização criminosa. Todos são investigados
no inquérito que apura se empresas pagaram
propina em troca de um decreto sobre portos –
que ampliou de 25 para 35 anos as concessões
do setor, prorrogáveis por até 70 anos – assinado
pelo presidente.
Os indiciamentos são contra Temer, o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, os
empresários Antônio Celso Grecco, Ricardo Mesquita e Gonçalo Torrealba, além
do coronel João Baptista Lima Filho, amigo pessoal de Temer, e da esposa do
militar, Maria Rita Fratezi, do sócio do coronel, Carlos Alberto Costa, e do lho
dele, Carlos Alberto Costa Filho, do contador Almir Martins Ferreira e da lha
de
Temer, Maristela de Toledo Temer Lulia.
Além dos indiciamentos, os investigadores solicitaram que os bens deles sejam
bloqueados. A Polícia Federal também pediu a prisão preventiva do coronel
Lima e de sua mulher, de Carlos Alberto Costa e do contador. Por ordem do
ministro Luís Roberto Barroso, relator do inquérito dos portos no STF, todos os
quatro estão proibidos de deixar o país.
Segundo a Polícia Federal, as investigações envolveram provas como
colaborações premiadas, depoimentos, informações bancárias, fiscais,
telemáticas e extratos de telefone, laudos periciais e informações do Tribunal
de Contas da União (TCU). Os investigadores apuraram ainda o pagamento de
propinas em espécie, propinas camufladas
como doações eleitorais,
pagamentos de despesas pessoais por interpostas pessoas e empresas, além da
atuação de companhias de fachada e contratos fictícios
de prestação de
serviços.
O processo foi agora remetido à procuradoria-geral da República para que o
Ministério Público decida se oferece ou não denúncia contra os suspeitos.
Conforme revelou VEJA, o coronel Lima é investigado pela Polícia Federal como
suspeito de captar dinheiro clandestinamente em nome do presidente Michel
Temer. Em março, VEJA teve acesso a uma mensagem do empresário Celso
Grecco em que ele confirma
que foi, de fato, beneficiado
com a edição do
decreto dos portos – versão sempre desmentida pelo presidente Temer. Em email
enviado a funcionários e advogados da empresa em 16 de maio de 2017,
seis dias depois da edição do texto sobre portos, Grecco comemora:
“Consideramos que o novo decreto é valioso no que diz respeito à reivindicação
de reequilíbrio econômico do Terminal Pérola”. A Rodrimar é uma das donas do
Terminal Pérola, que apresentou um pedido de reequilíbrio contratual ao
Ministério dos Transportes.
Em março deste ano, a Polícia Federal havia prendido, entre outros, o
empresário Antonio Celso Grecco, dono da Rodrimar, empresa suspeita de
distribuir propina a assessores presidenciais em retribuição à edição do decreto.
Na ocasião, houve ainda ordem de prisão contra quatro acionistas do Grupo
Libra, entre eles Gonçalo Torrealba, indiciado agora pelos investigadores.
Fonte: Veja
0 Comentários