Luiz Fernando Pezão (MDB) é o quarto governador eleito do
Rio de Janeiro a ser preso. O emedebista, no entanto, foi o
primeiro a ser detido durante o exercício do mandato. Antes
dele, foram presos o casal Anthony e Rosa Garotinho e Sérgio
Cabral.
Pezão foi detido preventivamente pela Polícia Federal (PF) na
manhã desta quinta-feira, 29, dentro do Palácio das
Laranjeiras, sede do governo do estado, em desdobramento
da Operação Lava Jato. O governador foi alvo de delação
premiada de Carlos Miranda, suspeito de ser operador financeiro
de esquemas de seu antecessor, Sérgio Cabral, de
quem foi vice-governador. O delator acusou Pezão de
receber mesadas de 150.000 reais entre 2007 a 2014, na época
em que Pezão, então vice, era secretário de obras do
governo estadual. De acordo com a Procuradoria-Geral da
República (PGR), os valores somariam mais de 25 milhões de
reais no período. Sérgio Cabral foi preso em novembro de 2016, depois de ter
renunciado ao cargo do governo em 2014. Ele segue detido
na penitenciária Bangu 8, na zona oeste do Rio de Janeiro. As
sentenças das sete condenações renderam ao ex-governador
uma pena de 183 anos e seis meses de reclusão. Cabral ainda
responde a 24 processos na Justiça que se desdobraram da
Operação Lava Jato. Embora nenhum condenado possa ser preso por mais de 30 anos, segundo o Código Penal,
o total da pena serve como base de cálculo para eventuais
benefícios, como progressão de regime e concessão de
liberdade condicional, por exemplo.
Cabral foi preso sob a suspeita de desviar mais de 200
milhões de reais em contratos públicos durante o seu
período no governo. A primeira condenação de Cabral foi
emitida em junho de 2017, acusado de receber propina das
empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão.
Em março deste ano, os anos de prisão de Cabral
ultrapassaram cem anos, com a decisão da Justiça de
adicionar 13 anos e 4 meses por lavagem de onze milhões de
reais em joias. Em maio, o ex-governador ainda foi
condenado em segunda instância pela primeira vez. O TRF4
manteve a condenação de 14 anos e dois meses de prisão por
ter recebido uma propina de 2,7 milhões de reais da empresa
Andrade Gutierrez, que estaria ligada com a terraplanagem
do Comperj, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.
Anthony e Rosinha Garotinho
Governador do Rio de 1999 a 2002, Anthony Garotinho foi detido em três oportunidades. Em novembro de 2016, foi
preso na Operação Chequinho, que investigava esquema de
compra de votos que envolvia o Cheque Cidadão, um
programa social de transferência de renda criado pelo
governo do Rio de Janeiro em novembro de 1999, que
completava renda de famílias que comprovassem ter
vencimentos iguais ou inferiores a um terço do salário
mínimo no período. O programa durou até 2007, quando os
beneficiários
foram transferidos para o Bolsa Família, do
governo federal.
Em setembro de 2017, Garotinho voltou a ser preso por
fraude eleitoral de quando era secretário de governo na
cidade de Campos, durante o mandato de sua esposa,
Rosinha Garotinho. De acordo com o Ministério Público
Estadual, a prefeitura oferecia inscrições no programa
Cheque Cidadão, criado novamente para a cidade, no valor
de 200 reais por beneficiário,
em troca de votos para prefeito
e vereadores nas eleições de 2016. O ex-governador ficou
em
prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. Na ocasião, a
pena aplicada pelo juiz foi de 9 anos, 11 meses e 10 dias de
reclusão, além do pagamento de multa de 225 salários
mínimos. A pena foi transformada em prisão domiciliar até
julgamento em segunda instância.
Em novembro de 2017 o ex-governador foi novamente preso,
dessa vez junto com sua mulher, na Operação Caixa D´Água.
Ele e Rosinha foram acusados de integrar organização
criminosa que arrecadava fundos de forma ilícita para financiar
campanhas próprias e de aliados. Rosinha foi
governadora do estado de 2003 a 2007. A denúncia dizia que Garotinho era líder de uma organização criminosa que
extorquia empresários, exigindo dinheiro das empresas
contratadas pelo município de Campos, com anuência de
Rosinha, prefeita da cidade.
Em junho deste ano a Operação Caixa D´Água foi suspensa e
Anthony Garotinho se lançou como candidato ao governo do
Rio de Janeiro, mas em 27 de setembro o TSE barrou sua
candidatura pela Lei da Ficha Limpa.
Desde a redemocratização, o Rio foi governado por Leonel
Brizola (eleito em 1982 e 1990); Moreira Franco (1986); Nilo
Batista, que assumiu após a renúncia de Brizola, em abril de
1994; Marcello Alencar (1994); Anthony Garotinho (1998);
Benedita da Silva, que assumiu quando Garotinho renunciou
para concorrer à presidência da República, em abril de 2002;
Rosinha Matheus (2002); Sérgio Cabral (eleito em 2006 e
2010) e Luiz Fernando Pezão, que assumiu em virtude da
renúncia de Cabral, em abril de 2014, e reeleito em outubro
de 2014. Entre os governadores eleitos e que ainda estão
vivos, Moreira Franco é o único que não foi preso. Ministro Chefe
da Secretaria-Geral da presidência da República do
governo Michel Temer, Franco é investigado pela Lava Jato.
Fonte: Veja
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