A formação do secretariado do governador Camilo Santana (PT)
para o segundo mandato, por um lado, frustrou as expectativas da cúpula de seu
partido, por outro, deixou aliados ainda aguardando indicações para cargos no
segundo escalão do governo.
Ao Diário do Nordeste, lideranças do PT no Ceará não se
mostraram satisfeitas com o espaço na nova gestão. Camilo Santana, diante de
uma base com 24 partidos, rebate: "O PT tem o governador. Quer mais do que
isso?".
Enquanto lida com as queixas dos correligionários, Camilo
precisará fazer interlocutores acalmarem outros aliados que demonstram
inquietação na espera pelo chamado para cargos dos demais escalões da máquina
do Estado. O amplo arco de aliança deu ao governador quase 80% dos votos na
eleição, mas cobra um preço.
O PT, partido de Camilo, foi o primeiro a reivindicar mais espaços
na administração estadual. No primeiro mandato, a legenda indicou quadros para
a Casa Civil e para as secretarias da Cultura, do Meio Ambiente e do
Desenvolvimento Agrário. Para a segunda gestão, no lugar da Casa Civil, o
partido ocupará a Assessoria de Relações Institucionais e continuará com as
outras três Pastas.
O deputado federal reeleito José Guimarães (PT) ressaltou a
"presença institucional" do partido na gestão. Sem mais espaços, ele
avisa que o PT não abrirá mão de indicar um candidato para o cargo de
vice-presidente da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.
"O PT sempre apresentou para o governador a necessidade de
ampliar o espaço. Pela força que tem, poderia ter mais espaço. Na Mesa, é
fundamental o PT estar na vice e o nome é o deputado Moisés Braz. A bancada já
tinha apresentado esse pleito", frisou.
Problema
Novo assessor de relações institucionais, Nelson Martins é um
dos principais interlocutores do governador, reconhece que ele teve
"problemas" na distribuição de cargos. "É difícil você ter um
conjunto de 24 partidos e não ter algum tipo de problema. Eu acho que o diálogo
entre o governador e o PT continua e vamos encontrar alternativas".
Para o presidente estadual da sigla, deputado Moisés Braz, o
governador precisa ter uma equipe "muito eficiente" que lhe auxilie
no diálogo com os inúmeros aliados. "Para que não tenha nenhuma crise, mas
eu acredito que, agora, depois dele indicar o primeiro escalão, nos outros
escalões, vai contemplar (os aliados), acho que tudo isso vai ser muito possível",
avaliou.
Partidos na fila
Já o PP perdeu a Secretaria de Cidades no segundo mandato de
Camilo. Antes comandada pelo deputado federal do partido, Paulo Henrique
Lustosa, agora será chefiada por Zezinho Albuquerque (PDT), ligado aos irmãos
Cid e Ciro Gomes. Apesar da troca, Paulo Henrique diz que o partido continuará
sendo beneficiado e ainda espera novos espaços.
"Com a ida do presidente Zezinho a gente fica com quatro
deputados estaduais na Assembleia igualando a bancada do PT e do MDB. Então, o
partido tem uma expressão e imagino que o presidente deve estar discutindo com
o governador como o partido pode contribuir mais com o Governo".
O PSD também está na "fila" aguardando ser convocado
pelo governador. O conselheiro em disponibilidade do Tribunal de Contas do
Estado (TCE), Domingos Filho, uma das lideranças do partido, sugere que o seu
grupo pode ter participação na execução de políticas públicas. "Se o
partido for convidado, apresentará os quadros que tem para poder contribuir
naquilo que o governador entender".
Eunício e Camilo
O MDB, presidido pelo senador Eunício Oliveira, também terá
nomes ligados a partido na segunda gestão de Camilo Santana. O secretário de
Esporte e Juventude, Rogério Pinheiro, e o Controlador e Ouvidor Geral do
Estado, Aloísio Carvalho, são da "cota" do partido. O deputado
estadual reeleito, Danniel Oliveira (MDB), defendeu que esses nomes foram escolhas
técnicas do governador.
"Temos dito
que a participação efetiva do MDB no governo seria uma participação colocada
pelo próprio governador e nunca imposta, não seria feito nenhum tipo de pedido.
O próprio Aloísio que já foi Controlador, pertence ao MDB, mas é escolha do
governador. O próprio Rogério já foi da Secretaria de Esporte. As escolhas são
meramente técnicas, não são indicações políticas".
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