O Brasil inteiro acompanha o que ocorre hoje no Ceará. Há uma semana o Estado vem enfrentando ataques criminosos, que podem ser enquadrados como atos terroristas. Esses atos são a reação do crime organizado às duras medidas que o estado do Ceará vem tomando dentro e fora das unidades prisionais, fazendo cumprir rigorosamente o que determina a lei. Não se pode admitir que bandidos continuem dando ordem de comando de dentro das prisões, como vem acontecendo há décadas em todo o Brasil.
Importante que se deixe claro que esse endurecimento contra o crime tem acontecido após estratégias cuidadosamente traçadas, com o fortalecimento do aparato policial e maior presença de agentes nos presídios cearenses. De 2015 para cá, o estado contratou quase 10 mil profissionais de segurança e, praticamente, dobrou o número de agentes penitenciários nos últimos dois anos.
O Ceará tem hoje mais de 29 mil profissionais de segurança. Foram construídos presídios e outros estão sendo feitos, inclusive de segurança máxima. Também temos investido forte em inteligência e tecnologia.
Neste novo governo, criei uma secretaria exclusiva para cuidar do sistema penitenciário e convidei um dos maiores especialistas da área no país, Luís Mauro Albuquerque, para assumir a secretaria. O novo secretário tem o meu apoio para implantar as medidas que sejam necessárias para estabelecer a ordem dentro dos presídios, com firmeza e dentro da lei.
Por outro lado, nossa Secretaria de Segurança, que reúne todas as forças policiais, tem sido a aliada permanente nas ações, por conta da esperada reação violenta do crime, que não quer perder as regalias que conseguiu durante décadas. Que fique claro: não haverá recuo do Estado.
E, para esse enfrentamento, destaco a importante colaboração do governo federal, que tem caminhado conosco nessa missão. Desde o começo dos ataques, tenho mantido permanente contato com o ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro, bem como com o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo.
Pela gravidade dos atos, e a certeza da intensidade que se daria nos dias seguintes, detectada pelo nosso setor de inteligência, solicitei de imediato o apoio de tropas federais para se juntarem às nossas forças,o que foi prontamente atendido. Foi também essa parceria que viabilizou a transferência de dezenas de criminosos, tidos como chefes de grupos, para penitenciárias federais de segurança máxima.
É de conhecimento de todos que o que acontece no Ceará não é um problema só do Ceará. Vários estados já enfrentaram ataques do crime organizado e vários outros sofrem graves ameaças neste momento.
Desde que assumi o governo do Ceará, em 2015, venho provocando um debate nacional sobre esse tema, compreendendo que somente por meio de um trabalho conjunto de todos os estados e municípios com o governo federal poderemos superar esse desafio e garantir mais segurança para a população.
Armas e drogas que abastecem o crime organizado entram pelas nossas fronteiras, que devem ser protegidas pela União. E isso não é de agora. Todos os governos que passaram, independente de partidos, negligenciaram esse combate. Os estados ficaram isolados e não conseguiram, sozinhos, agir de forma eficaz e decisiva. O crime ultrapassou as divisas dos estados, cresceu e se transnacionalizou.
Ano passado, após longa batalha, foi criado o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), que pode ser um importante começo nessa luta contra o crime, com ações planejadas e pactuadas entre estados, municípios e governo federal.
Este é um importante momento para a segurança pública do meu estado e também do Brasil. A hora é da união de todos, sem vaidades ou oportunismo político. O assunto é muito sério e deve ser tratado com responsabilidade por todos, sem arroubos ou discurso fácil. É o que a população espera de todos nós, que recebemos a sua confiança.
De uma coisa tenho certeza: o crime não vencerá jamais o Estado! E criminosos devem ser tratados como criminosos, com firmeza e dentro da lei, sem acordos ou regalias.
Camilo Santana
Governador do Ceará
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