A
bancada cearense na Câmara Federal está cada vez mais distanciada do Governo
Bolsonaro. A exemplo da última semana, essa tem sido uma tendência de todos os
grupos de parlamentares no Congresso. Ainda não há respostas do Planalto sobre
questionamentos feitos por lideranças quanto às negociações para a votação da
reforma da Previdência.
A rebelião é
geral, segundo alguns parlamentares ouvidos pelo Sistema Verdes Mares. Bancadas
reclamam do chamado “toma lá, dá cá” a estilo Bolsonaro e há até aqueles que
não têm interesse nos cargos oferecidos pelo Governo, principalmente, pela
condição imposta de apoio à reforma da Previdência. Além de Ceará, outras bancadas,
como as do Paraná e Alagoas, estão se opondo aos cargos federais oferecidos
pelo Planalto.
No caso
cearense, de acordo com o coordenador do colegiado, Domingos Neto (PSD), a
recusa se deu pelo fato de o Governo, através de seus assessores, ter condicionado
apoio à reforma da Previdência para que os cargos fossem liberados.
“Ninguém vai se
comprometer com a Previdência em troca de cargos”, disse Neto em seu perfil no
Twitter, na sexta-feira (22), expressando sentimento da maioria do grupo.
Deputados cearenses que fazem oposição ao Governo Bolsonaro já disseram que
seriam contra a Reforma.
De acordo com
levantamento feito pelo Sistema Verdes Mares, somente Heitor Freire (PSL) é
favorável à atual proposta. Ontem, Domingos Neto reafirmou a posição da maioria
dos parlamentares cearenses e disse que espera uma mudança na articulação
política feita, até então, pelo Governo Federal. “Mudança no tipo de diálogo”,
frisou.
Segundo ele,
desde a última reunião com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, no dia 18,
os dois não voltaram a conversar. Sequer há novo encontro agendado para aparar
as arestas.
Atualmente, o
presidente da República tem em sua base de apoio apenas o PSL, que também vem
apresentando resistência a alguns pontos da reforma, principal aposta da gestão
nesses primeiros meses de administração.
O uso das redes
sociais pelo presidente da República e seus filhos tem sido outro fator
complicador da relação entre Governo Federal e Congresso. O caso mais recente
se deu entre o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) e o presidente da Câmara
Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Após se sentir ofendido por comentários de
Carlos no Twitter, Maia chegou a sinalizar saída da articulação pela reforma da
Previdência na Câmara.
Depois de todo o conflito, Maia disse, em evento político no
sábado (23), que é “página virada”. Domingos Neto, por sua vez, acredita que
haverá recuo por parte do Governo. “Acredito que o Governo vai recuar e
respeitar mais as ações do Congresso”, disse o coordenador da bancada.
Fonte DN
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