O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu a primeira entrevista após ser preso no dia 6 de abril de 2018, por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá, no litoral paulista. Na reportagem publicada pelo El País, o petista afirmou que ficaria preso por 100 anos, mas não trocaria sua “dignidade pela liberdade".
A entrevista foi concedida na sede da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba, durante a manhã desta sexta-feira, 26. O petista criticou o ex-juiz Sérgio Moro, que agora está à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro (PSL), e outras pessoas que estiveram envolvidas em sua condenação. “Não tem problema que eu fique aqui para o resto da vida. Quem não dorme bem é o Moro, Dallagnol e o juiz do TRF-4", afirmou.
Na semana passada, Dias Toffoli, presidente do Supremo tribunal Federal (STF), havia concedido permissão para que Lula concedesse entrevistas na prisão. Entretanto, a PF recebeu inúmeros pedidos de outros veículos, fazendo com que o órgão informasse aos advogados do petista que uma sala seria reservada para entrevista com todos os jornalistas.
A defesa de Lula solicitou ao ministro Lewandowski que o ex-presidente falasse apenas com os profissionais da imprensa com os quais desejasse. O pedido foi negado pela Justiça Federal, porém autorizada pelo supremo nessa quinta-feira, 25. Apenas o El País e a Folha de S.Paulo conversaram com o político. As informações são da Agência Brasil.
Durante a conversa com os jornalistas, o ex-presidente disse que muitas pessoas achavam que ele deveria sair do País ou ir para uma embaixada antes de ser condenado, mas ele decidiu ficar no Brasil. “Meu lugar era aqui. Eu tenho tanta obsessão de desmascarar o Moro, desmascarar o Dallagnol e a sua turma, desmascarar aqueles que me condenaram. Eu ficarei preso 100 anos, mas não trocarei a minha dignidade pela minha liberdade”.
O político afirmou que vai "trabalhar muito" para provar sua inocência e a "farsa que foi montada" em relação a sua condenação. "Eu penso que um dia as pessoas que vão me julgar estarão mais preocupadas com os autos do processo e não com a manchete do Jornal Nacional ou com a capa da revista".
O ex-presidente havia sido condenado a 12 anos e um mês de prisão. No entanto, os ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reduziram, por unanimidade, a pena para oito anos, dez meses e 20 dias de prisão. A decisão abre possibilidade para que Lula saia da prisão em setembro, quando ele terá cumprido 1/6 da pena e poderá pedir progressão de regime a Justiça.
No entanto, o processo depende ainda de outro julgamento. Em fevereiro deste ano, decisão da juíza federal Gabriela Hardt, da operação Lava Jato, condenou o político a 12 anos e 11 meses de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no processo que envolve o sítio Santa Bárbara, em Atibaia, no estado de São Paulo.
Na sentença, Lula é acusado de receber R$ 1 milhão em propinas na reforma na propriedade. O ex-presidente vai recorrer em segunda instância a condenação.
Fonte O Povo
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