O escândalo envolvendo fraudes em licitações públicas e desvios
de verbas federais nas antigas gestões da Prefeitura de Caucaia,
trazido à tona na sexta-feira (5), quando deflagrada a Operação
Afiusas, pela Polícia Federal (PF), inclui uma série de quebras
de sigilos. As investigações que já duram anos mostram indícios de rombos
milionários e dão conta de tramas criminosas que envolvem dezenas de suspeitos.
Conforme
documentos obtidos pelo Sistema Verdes Mares, Rogério Evangelista,
sócio-proprietário da empresa Berma Engenharia, que teria participado de uma
fraude na pavimentação das ruas da periferia de Caucaia, surge em diversos
diálogos mostrando saber das investidas suspeitas "na defesa dos
interesses da empresa" junto à Prefeitura. Além deles, a organização
criminosa, supostamente liderada peloportuguês Marcos Alexandre Veiga Correia,
detido durante as diligências, envolveria os empresários Jorge Manuel Ferraz
Festas, Antônio Fernando Couto de Sousa, Fábia Godim, Cláudio Henrique de
Castro Saraiva Câmara e Jaime Anastácio Verçosa Filho.
Por
meio de interceptações telefônicas, a Polícia Federal concluiu
que durante duas gestões consecutivas do ex-prefeito do Município de Caucaia,
Washington Gois, o Dr. Washington, durante 2009 a 2016, os cofres públicos de
Caucaia foram "tomados de assalto" na intenção de expandir negócios
próprios. Foi autorizada a quebra do sigilo de dados para que a PF examinasse o
conteúdo dos equipamentos eletrônicos, computacionais e mídias apreendidos na
operação de sexta-feira.
Sob
a suspeita de enriquecimento ilícito, foi afastado o sigilo bancário de todos
os bens, direitos e valores mantidos em instituições financeiras, das pessoas
físicas e jurídicas envolvidas. O sigilo fiscal também foi quebrado.
Desdobramento
Conforme
a investigação, o esquema funcionava com manipulações de editais, incluindo
cancelamento da participação de alguns concorrentes. A apuração começou no ano
de 2016, após denúncia de irregularidade em uma obra avaliada em R$ 52 milhões.
O
português Marcos Alexandre havia sido preso na sexta-feira (5), em Caucaia.
Menos de 24 horas depois da prisão, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região
(TRF-5) decidiu pela soltura dele. Para o advogado Leandro
Vasques, que representa o estrangeiro, a prisão se considerava desnecessária.
"Atuamos com rapidez para buscar corrigir o excesso em que se revelava
essa prisão temporária acerca de fatos de 2016, sem que nosso constituinte
jamais tivesse sequer sido intimado para prestar esclarecimentos", afirmou
Leandro Vasques.
Washington
Gois disse, por meio de nota, "que na condição de ex-prefeito" tem
interesse na apuração da Polícia Federal do fato ocorrido durante a gestão
dele, para que inocentes sejam absolvidos e responsáveis punidos. Os advogados
de defesa dos demais investigados citados na reportagem não foram localizados.
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