A dificuldade ao acesso hídrico no Estado, que se agrava
progressivamente, pode piorar, a partir da próxima semana, com uma possível
paralisação geral dos chamados pipeiros, profissionais que distribuem água para
mais de 190 mil cearenses no interior cearense. De acordo com o presidente do
Sindicato dos Pipeiros do Estado do Ceará (Sinpece), Everardo Bezerra, a
categoria está há três meses (agosto, setembro e outubro) "sem receber
dinheiro algum". Conforme explica, "muitos já não têm condições de
arcar com os custos básicos, como a compra de óleo diesel".
A
categoria vai se reunir, na próxima semana, para deliberar a greve geral.
"Se o dinheiro não for pago, ao que tudo indica, a paralisação será
efetivada, mas iremos discutir isso em assembleia a ser realizada na cidade de
Crateús".
Everardo
antecipa, porém, que muitos pipeiros já decidiram paralisar as atividades por
conta própria. "Por mais que a gente reconheça que uma greve afetará
muitas pessoas que estão sem água, entendemos ser uma decisão legítima. Ninguém
consegue trabalhar sem receber por tanto tempo", pontua o representante
sindical.
De
acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), de agosto deste ano
até o início de novembro, já foram destinados ao Ceará, para custear a Operação
Carro-Pipa, R$ 109,2 milhões. "O valor é limitado. Prova disso é o atraso
de meses", acrescenta Bezerra. Em nota, o MDR informa que realizou repasse
de mais de R$ 50 milhões à Operação Pipa, no último dia 6 de novembro, e que
outros dois pedidos financeiros, feitos pelo Exército Brasileiro, aguardam
disponibilidade. Um, com data de 11 de outubro, no valor de R$ 18 milhões e o
outro, em 8 de novembro, cujo valor ultrapassa R$ 15 milhões. Os recursos são
destinados ao Exército e, este, por sua vez, repassa aos pipeiros cadastrados.
A reportagem questionou se há alguma previsão para que o pagamento seja
normalizado. Até o fechamento desta matéria, a Pasta, porém, não respondeu.
Importância
Embora
as chuvas deste ano tenham ficado acima da média histórica, elas não foram
suficientes para reverter o cenário crítico instalado no sertão cearense com o
advento dos seguidos anos de estiagem. Deste modo, para que os sertanejos
residentes em regiões muito secas tenham acesso à água, uma das alternativas de
abastecimento é através dos carros-pipa.
Os
números revelam a gravidade do cenário. De setembro a novembro, o número de
pessoas atendidas pela Operação Pipa subiu 11,9%, saltando de 169.892 mil para
190.243.
Em
junho, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), havia 104
mil pessoas beneficiadas pelo Programa. O número de caminhões disponibilizados
saltou de 303, em junho, para 444 no início de novembro.
"É
um número insuficiente. Para atender todas as localidades que necessitam
urgentemente de água, precisaríamos de pelo menos 1.500 caminhões",
analisa Everardo Bezerra. De acordo com o titular da Secretaria de Recursos
Hídricos do Estado, Francisco José Coelho Teixeira, aproximadamente 10% da
população cearense (quase 900 mil pessoas) já foram atendida pela Operação
Carro-Pipa.
Demanda
A
tendência é de que esses números cresçam ainda mais até o fim do ano. Duas
cidades da região dos Inhamuns que tiveram a operação interrompida por não
estarem em conformidade com critérios exigidos pelo MDR, aguardam a
normalização do processo para voltarem a ser atendidas pelos carros-pipa.
Em
Quiterianópolis, 700 famílias dependem dos carros-pipa, enquanto, em Arneiroz,
são cerca de 500 famílias.
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Consórcio
nordeste
Em visita à China, o governador Camilo Santana propôs a realização de um
projeto integrado de abastecimento de água para todo o Nordeste. Ele avalia
que, caso a proposta seja concretiza, poderia ser o fim da necessidade de
carros-pipa no Estado. "A ideia é um projeto inovador de abastecimento e
reúso d'água para a produção"
Fonte DN
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