Uma das pneumologistas mais experientes do país, Margareth Dalcolmo, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fiocruz, avalia o risco de o Brasil não fazer o isolamento social necessário e a Covid-19 explodir descontroladamente nas comunidades carentes. Até a manhã do dia (27), o país registrou 3.027 casos da doença e 77 mortos.
Na avaliação da profissional de saúde, em entrevista ao jornal O Globo, sequelas graves do coronavírus podem ser incuráveis em sobreviventes. "Como é uma doença nova, não há estudos com um grande número de pacientes, que mostrem as sequelas mais frequentes, os danos que elas causam. Não sabemos qual o grau de sequela que os sobreviventes podem ter. E se as sequelas que vemos agora serão permanentes ou superadas. Não sabemos como ficarão os pulmões desses pacientes. Se as cicatrizes causadas pela Covid-19 ficarão e que tipo de perda de função poderão provocar", disse.
Ainda segundo Dalcolmo, a média de idade dos pacientes mais graves não chega aos sexagenários. De acordo com a Fiocruz, no Brasil, a média chega ao índice entre 47 e 50 anos. Ao jornal, a pneumologista aponta que estão ocorrendo mortes nas redes públicas sem o diagnóstico da doença. "São pessoas de classe média e alta, internadas na rede particular. E aqui ainda nem sabemos bem o que está acontecendo porque existe uma lacuna entre os números oficiais e o que acontece nos hospitais. Não temo em dizer que estão ocorrendo mortes por Covid-19 sem diagnóstico na rede pública. [...] Porque sépsis e doenças pulmonares são muito comuns e não há testes para toda a rede", declarou a médica.
Margareth Dalcolmo, acredita que o novo coronavírus pode ter efeitos no Brasil tão ou mais graves do que na Itália. A médica acredita que ainda não é possível saber ao certo o panorama da covid-19 no país e que as condições socioeconômicas possam fazer com que uma parcela mais jovem da população seja acometida pela doença.
Questionada sobre as medidas que podem ser adotadas neste momento, Dalcolmo defende o isolamento social radical como única alternativa. "Defender o isolamento social radical. Não há alternativa. Isso tem um alto custo econômico, terrível mesmo.
Mas a doença custará ainda mais caro. O Brasil tem milhões de trabalhadores informais. O governo tem que ajudá-los, mas a iniciativa privada também deveria colaborar com essa parte. Não haverá vacina para salvar as pessoas nessa pandemia. A vacina será para daqui a cerca de dois anos. Mas as pessoas estão morrendo agora", afirmou.
Com informações do Uol
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