O repentista Valdir Teles, um dos maiores nomes da poesia oral Brasileira, teve sua morte anunciada nesse domingo, pela filha, a advogada Mariana Teles, em seu perfil no Facebook. A provável causa da morte foi um infarto. O poeta estava com 64 anos, e faleceu no Sítio Serrinha, onde morava, na Zona Rural de São José do Egito (PE), no Sertão pernambucano, sua cidade natal.
Paraibano de Livramento, no Cariri paraibano, ele se tornou órfão de pai aos onze anos, passou a trabalhar para sustentar a mãe e os quatro irmãos mais novos. Trabalhou na agricultura até os 19 anos. Foi peão nas hidroelétricas de Sobradinho, Itaparica e Paulo Afonso. A arte do repente até 1979, permaneceu mais ou menos latente em Valdir Teles até que aflorou numa cantoria entre Sebastião da Silva e Moacir Laurentino, em São José do Egito. Daí em diante não teria mais volta. Em pouco tempo ele apresentaria um programa de cantoria e viola numa emissora de Patos (PB).
Numa entrevista à radialista Roberta Clarissa, em 2001, sobre a vocação para a poesia, respondeu: “Concordo, o poeta nasce feito, agora ele se aperfeiçoa, ele nasce feito e tem que se aperfeiçoar a muitas coisas, por que se ele nascer feito e não se atualizar, não procurar progredir, aí ele estagna, fica com a fonte estagnada que não vai produzir e acompanhar a evolução de hoje”.
Valdir teles nunca parou de evoluir, deixou vários clássicos para a poesia popular, um destes desenvolvido, com Moacir Laurentino, em torno do mote, Eu ainda sinto o cheiro, do café que mãe fazia. Poete premiado, com apresentações no exterior, Valdir , como grande parte dos cantadores de viola, circulava basicamente no universo particular dos repentistas e apologistas. Gravou vários CDs, DVDs, vendidos em espaços limitados.
Viajava muito mais seu porto seguro era São José do Egito, terra de lendas da cantoria de viola: “Eu sou da cidade de São José do Egito, mas morei 10 anos fora, depois voltei. São José é uma cidade onde não só me sinto em casa, eu acho que é uma cidade que todo mundo que chega lá se sente em casa, o povo é muito acolhedor, a cidade é poética e parece que a poesia aflora na terra”.
Assim definiu sua profissão, na citada entrevista: “Ser um cantador de viola é ser um repórter do povo do sertão, um boêmio da vida, gostar de cantar, não ligar pra muito dinheiro, dando pra viver já tá bom, isso é que ser um cantador de viola.
Radio Jornal
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