Os padres Lino Allegri e Oliveira Braga Rodrigues, da Paróquia da Paz, receberam nesta quarta-feira (21) a confirmação de inclusão no Programa de Proteção a Defensoras e Defensores dos Direitos Humanos. A inclusão dos padres no programa se dá após eles terem sido hostilizados por defensores do presidente Jair Bolsonaro durante uma missa na Paróquia da Paz, em Fortaleza.
Durante missa na semana passada, um homem interrompeu a celebração e gritou palavras ofensivas após um sacerdote ler uma mensagem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em que lamentava as mais de 500 mil mortes por Covid-19 no Brasil, situação "agravada pelas denúncias de prevaricação e corrupção no enfrentamento da pandemia".
"Quando no final da missa entraram na sacristia, ou melhor, invadiram a sacristia, umas oito pessoas se queixando pela homilia que eu tinha feito. Porque, ao dizer deles, eu tinha desrespeitado o presidente, porque na pregação eu assinei o fato dos 500 mil mortos e o descaso do presidente em relação tanto à vacina, quanto à pandemia", disse o padre.
"Esse padre transformou o altar em palanque político, impondo ideologia. Vá fazer política lá fora, aqui virou um reduto da esquerda", gritou o homem. Os fiéis presentes reagiram com gritos de "respeito" e "fora, Bolsonaro", gritou o homem que interrompeu a missa, em 11 de julho.
A arquidiocese de Fortaleza afirma que as ameaças contra os sacerdotes são constantes e ocorrem pelas redes sociais e WhatsApp.
Esquema de segurança e apoio
A Secretaria da Segurança do Ceará montou um esquema de policiamento no entorno da igreja Paróquia da Paz, em Fortaleza, no domingo (18).
Apesar dos ataques, padre Lino agradece as mensagens de apoio que tem recebido de outros fiéis. “Tem muita gente da Paróquia da Paz, de classe média alta, como é comum lá, me apoiando. Isto, em certo sentido, até me comove e me dá força para pensar 'foi um fato lamentável mas, com isto, não vou mudar a minha vida'. Eu tive muito mais apoio do que contestação”, reforça o padre.
“O importante para superar essas situações que aparecem seria sentar e dialogar. Quem não sabe dialogar é quem grita. Se Deus nos deu a razão, é para que nós saibamos usá-la, sermos racionais e não violentos”, diz. Fonte: G1CE.
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