Seis em cada 10 deputados cearenses são candidatos ou têm parentes concorrendo nas urnas

A eleição de 2024 no Ceará reflete uma tradição política brasileira: a perpetuação de famílias no poder. Um levantamento recente aponta que seis em cada dez deputados estaduais cearenses, atualmente em exercício, estão concorrendo diretamente a cargos eletivos ou têm parentes participando da disputa nas urnas.

A prática de lançar parentes como candidatos não é novidade na política cearense. Entre os principais nomes, encontram-se filhos, esposas, irmãos e outros familiares de políticos que visam manter a influência em suas regiões e garantir a continuidade dos projetos familiares na política.

Candidaturas diretas e indiretas

Dos 46 deputados estaduais cearenses, 27 estão envolvidos nas eleições de 2024. Desses, uma parte significativa busca se reeleger para o Legislativo, enquanto outros almejam cargos executivos, como prefeituras. Além disso, em muitos casos, familiares diretos, como filhos e esposas, assumem o papel de candidatos, representando os interesses dos clãs políticos.

Essas dinastias familiares não são uma exclusividade do Ceará, mas no estado, o fenômeno ganha destaque pela intensidade e número de famílias envolvidas. O argumento geralmente usado para justificar essas candidaturas é a continuidade de projetos políticos, a manutenção do "legado" e o vínculo direto com as comunidades.

O impacto dessa prática

Especialistas destacam que essa tradição de perpetuação familiar pode enfraquecer a renovação política e manter estruturas de poder muito centralizadas em grupos específicos. Embora a prática não seja ilegal, ela levanta debates sobre a necessidade de se repensar mecanismos que incentivem a maior diversidade de representatividade nos cargos públicos.

Além disso, o envolvimento de parentes na política nem sempre é visto de forma negativa. Muitos eleitores enxergam a candidatura de familiares como uma forma de garantir a continuidade de projetos que consideram benéficos para suas cidades. No entanto, críticos argumentam que a prática pode limitar a alternância de poder e dar margem a estruturas de influência que enfraquecem a democracia.

Cenário nas eleições de 2024

O impacto dessa prática poderá ser sentido nas eleições municipais de 2024. Com muitos deputados estaduais e seus parentes concorrendo, as urnas podem se tornar um campo de batalha entre as famílias tradicionais e os novos nomes que buscam espaço no cenário político cearense.

Entre os parlamentares que se destacam estão figuras conhecidas do cenário político estadual, que agora apostam em seus familiares para continuar no jogo político, mantendo a representatividade de seus sobrenomes no poder. A expectativa é que, com essa prática, o cenário político do Ceará se mantenha fortemente marcado pela tradição familiar.

Com a crescente pressão por renovação e mudanças no sistema político, a perpetuação de famílias no poder seguirá como tema central nos debates eleitorais de 2024. As urnas dirão se os cearenses preferem a continuidade ou a renovação no cenário político estadual.